Led Zeppelin, Led Zeppelin (1969)
O primeiro disco do Led Zeppelin, de janeiro de 1969, é o quinto álbum mais vendido dos anos 60, com um total de vendas de 10 milhões de cópias. Assustado? Então saiba que Led Zeppelin 2, lançado em outubro do mesmo ano, vendeu 12 milhões de cópias. Ou seja, em 1969, o Led Zeppelin vendeu 22 milhões de discos. Dos cinco primeiros álbuns mais vendidos dos anos 60, o primeiro, terceiro e quarto são dos Beatles, e só o Led revaliza em vendas com a banda de Paul e John. Isso significa muito. Ao colocar distorção no folk, e elevar o rock a níveis nunca antes imaginados, o Led estava criando uma linha evolutiva que encontra centenas de filhotes hoje em dia. Dos vocalistas de metal que tentam imitar o gogó de Plant até os virtuoses que tentam ser Jimmy Page (sem contar a demência do batera John Bonham e o estilo de John Paul Jones). E tudo isso é representado a perfeição logo no primeiro disco da banda, com clássicos como Good Times, Bad Times, Dazed and Confuzed e Communication Breakdown. Você já prestou atenção, via fone de ouvidos, em quantas guitarras Page sobrepõe no arranjo desta última? Ouça... e babe.
Autobahn, Kraftwerk (1974)
Os pais da música eletrônica conquistaram o mundo com seu quinto disco. Até então, a banda se resumia a Florian Schneider e Ralf Hütter, com colaborações de outros músicos (Karl Bartos entraria na banda após Autobahn, na turnê que se seguiu após o sucesso da versão editada da faixa título, e participou da trilogia clássica que se seguiu, formada por Radio-Activity, Trans-Europe Express e The Man Machine). Autobahn foi gravado por Hütter e Schneider, acompanhados do guitarrista Klaus Roeder e do percussionista Wolfgang Flür. A faixa título, de 22 minutos, ganhou uma versão mais curta, de 3 minutos, e se tornou um sucesso mundial. São apenas cinco faixas, mas causaram tanto impacto que a música pop nunca mais foi a mesma. Até Bowie foi influenciado. Impossível imaginar a existência de Chemical Brothers sem o Kraftwerk. O segundo single, Kommenenmelodie 2, não repetiu o sucesso da faixa título, mas é um monólito pop de causar inveja, um exemplar raro do quanto a arte pode ser visionária quando bem executada.
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Sticky Fingers, Rolling Stones (1971)
Jagger e Richards passaram uma década inteira sob a sombra do brilho de Lennon & McCartney. John comentou, certa vez, que os Stones fazia seis meses depois o que os Beatles estavam fazendo hoje. Maldade, mas não mentira. É claro, os Stones eram mais crus, mais rockers, mais sujos, feios e malvados que os Beatles, só que isso começou a funcionar a favor da banda apenas a partir de Beggars Banquet (1968), ganhou força com o álbum do ano seguinte, Let It Bleed (1969), e se tornou clássico em Sticky Fingers, o primeiro dos grandes álbuns da carreira da banda. Os Beatles já não existiam mais, e o fim da banda de Liverpool funcionou a favor dos Stones. A banda passeia à vontade em um álbum denso, sinistro e drogado repleto de clássicos como Brown Sugar, Bitch, Wild Horses e Sister Morphine. A capa provocativa, assinada por Andy Warhol, trazia um zíper (a capa foi proibida na Espanha) de um jeans, procurando mostrar onde nascia o som dos Stones. Rock em som e imagem. Jagger, Richards e Cia iriam além no sensacional Exile on Main Street (1972), mas é em Sticky Fingers que o mundo se ajoelha em frente à banda.
Elvis Presley, Elvis Presley (1956)
Em termos de influência, o primeirão do rei Elvis é insuperável. Elvis deixou para trás o volante de um caminhão para se tornar a maior lenda da música pop em todos os tempos. Musicalmente, Elvis Presley é inferior a trabalhos posteriores do cantor, mas é em sua inocência e inspiração (elevadas a décima potência pelos improvisos do homem) que o disco acabou por ganhar o coração de gente como John Lennon, Paul McCartney, fez o Clash estampar a mesma grafia de letra na capa de seu disco mais genial (London Calling, 1978) e atravessou décadas como se houvesse sido gravado ontem de manhã.
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Bringing It All Back Home, Bob Dylan (1965)
Ao eletrificar o folk, Dylan não estava apenas comprando uma briga ferrenha com seu público pseudo-intelectual (que o queria amarrado eternamente a um estilo) como também abria caminho para influenciar gerações e gerações, com estilhaços pingando até no Brasil, através da Tropicália (que era algo mais do que eletrificar o samba, mas havia ali um estilhaço deste álbum de Bob Dylan).
Revolver, The Beatles (1966)
Revolver marca a concretização da relação de amor dos Beatles com o estúdio. Aqui a banda deixa definitivamente para trás o formato boy band (os cabelos bem cortados, os terninhos, as canções pop chicletudas de três minutos) para trás, espalha influências pelo disco – que vão de mestres eruditos até clássicos da Motown, passando pelos sons da Índia, jazz, folk e o bom e velho rock’n’roll – e muda (novamente) os rumos da música pop. Tematicamente, saem as canções de amor inocentes para donzelas dando lugar para Paul cantar o amor pela maconha (Got To Get You Into My Life), George Harrison criticar o sistema de impostos britânico (Taxman) e John contar a história de um tal "Dr. Robert" um médico alemão que trabalhava em Nova York e era famoso por distribuir anfetaminas para seus pacientes. A música pop descobre que existem outras palavras no dicionário.
The Velvet Underground & Nico, The Velvet Underground (1967)
Você já deve ter ouvido um dos maiores clichês do rock sobre este disco: Ele diz que o álbum de estréia do Velvet Underground foi um retumbante fracasso comercial, e que pouco mais de 500 pessoas viu um show da banda na época, mas cada uma dessas pessoas saiu e montou sua própria banda. Se isso não é influência, sei lá o que pode ser. O engraçado é Lou Reed comentando a frase em um documentário. "Se isso é verdade, quem dera me dessem parte dos direitos autorais". Tematicamente, The Velvet Underground & Nico fala de coisas nada comuns na época. E sua capa já era uma obra de arte que nem trazia o nome da banda, e sim o nome do artista que a fez: Andy Warhol.
Black Sabbath, Black Sabbath (1970)
Eu nunca entendi creditarem ao Led Zeppelin a criação do heavy metal. O Led levou à frente aquilo que o The Who vinha fazendo desde 1965, que era acelerar o blues com doses cavalares de guitarradas. James Patrick Page mexia com magia negra, Robert Plant era fascinado pela religião celta, mas tudo isso é fichinha perto do peso demoníaco do disco de estréia do Black Sabbath. Todos os pilares do que se convencionou chamar de heavy metal foram levantados aqui. De quebra, o Sabbath ainda marcou a geração grunge. Disco pra lá de fundamental e decisivo nos rumos do rock mundial.
What's Going On, Marvin Gaye (1971)
Marvin Gaye já era um cantor de sucesso quando, em 1971, decidiu desafiar sua gravadora (a popular Motown) e lançar um disco tematicamente forte. "Música é para entreter e não para fazer pensar", dizia o dono da Motown, Barry Gordon. What’s Going On, no entanto, acabou por se tornar um clássico, e serviu de start para a carreira de gente como Michael Jackson e, principalmente, Prince, além de influenciar o rap através do uso da música como válvula de escape para se falar de assuntos como a guerra, o racismo e religião.
The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars, David Bowie (1972)
Daria para dizer que é exatamente este disco que marca a grande ruptura do homem que cria a obra com o artista que a interpreta. Os Beatles cresceram, enlouqueceram e envelheceram perante o público. De terninhos a barbas e roupas psicodélicas. Bowie não. Ele criou uma persona, um homem que caia na Terra e se tornava um ídolo pop. Se vestir de mulher, passar lápis no olho, mudar de personalidade, ser gótico e o escambau é tudo derivativo desde álbum, que não bastasse ser grandioso em conceito, traz um dos repertórios mais matadores de todos os tempos em um disco pop.
Dark Side of the Moon, Pink Floyd (1973)
A questão aqui não é definir qual Pink Floyd é o melhor: se o psicodélico de Syd Barret ou se o grandiloquente de Roger Waters. No entanto, como influencia, Dark Side Of The Moon é imbatível. Além de ser um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos (estima-se que 1 em cada 14 pessoas nos EUA, com menos de 50 anos, tenha uma cópia deste álbum), Dark Side Of The Moon é o marco inicial do que viria a ser chamado de rock progressivo, e também bateu forte na geração européia pós-britpop (leia-se: Radiohead, The Verve e outros)
London Calling, The Clash (1979)
Que o punk mudou a história da música pop, isso todo mundo sabe. Porém, há uma linha que separa as duas bandas mártires do movimento: Sex Pistols e The Clash. Enquanto os primeiros representavam o lado niilista do movimento, algo datado para acabar resumido no chegar, colocar fogo e ir embora, o The Clash partiu em frente seguindo uma linha evolutiva em sua carreira, e que encontra poucos paralelos na história da música pop. O que começou como algo simples (tocar o rock de Chuck Berry o mais rápido possível) é ampliado ao extremo neste álbum, cuja variedade de estilos é o que mais chama a atenção no disco, que reúne punk, reggae, rockabilly, bebop, ska, R&B, pop, lounge jazz, hard rock e baladas.
Doolittle, Pixies (1989)
Um ano antes o Pixies havia colocado nas lojas Surfer Rosa, um álbum muito mais violento que pop, e que seu líder, Black Francis, resumia como "bom e antiquado rock and roll". O segundo disco do Pixies é muito mais pop que violento, e bateu na música pop de tal maneira que até hoje ela ainda não sabe direito o impacto. Kurt Cobain quis compor como o Pixies, e acabou criando Smells Like a Teen Spirit. Bob Mould, ex-líder do seminal Husker-Dü, sempre invejou a banda (e nunca escondeu isso). David Bowie também abriu seu coração. Depois de Doolittle, encher uma música de guitarras na primeira parte da melodia, para deixar o baixo carregar a cannção no segundo trecho virou mania mundial até desembocar no punk pop de Green Day e afins.
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